A imponente estrutura da Fábrica de Sal, localizada no Centro Alto de Ribeirão Pires, guarda em suas paredes mais de um século de história e transformações. Muito além de um simples prédio abandonado, a Fábrica de Sal é um testemunho da evolução da cidade e da região, tendo sido palco de diferentes atividades econômicas e sociais ao longo dos anos.
Do Trigo ao Sal: Uma Jornada de Transformações
A história da Fábrica de Sal começa em 1898, quando os irmãos italianos Federico, Ottavio e Anacleto Maciotta construíram no local um moinho de trigo. Equipado com tecnologia de ponta para a época, o moinho foi a primeira indústria da futura região do Grande ABC, marcando o início da industrialização local.
No entanto, o moinho teve vida curta e fechou suas portas em 1899. Em 1916, o local foi adquirido por Palaride e Giuseppe Mortari. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, a fábrica serviu como depósito de pólvora de guerra. Após a revolução, voltou a ser moinho, mas agora de salitre e adubo.
Somente em 1946 a fábrica encontrou sua verdadeira vocação como Fábrica de Sal, produzindo a marca Rodolfo Valentino. A produção de sal impulsionou a economia local, gerando empregos e movimentando o comércio da região. A fábrica funcionou até o final dos anos 1990, quando foi desativada.
Um Legado de Memórias, Desafios e Mobilização Popular
Após o fechamento da fábrica, o local passou por um período de abandono e degradação. Em 2001, a prefeitura desapropriou a área com o objetivo de transformá-la em um centro de formação de professores. No entanto, o projeto não foi adiante devido à contaminação do solo por resíduos de sal.
Nesse contexto de incertezas sobre o futuro da Fábrica de Sal, um movimento popular ganhou força na cidade. O “Coletivo Sal da Terra”, formado por artistas, ativistas culturais e moradores, ocupou a área externa da fábrica e realizou diversas atividades culturais, como apresentações musicais, exposições de arte e debates, com o objetivo de chamar a atenção para a importância histórica e cultural do local.
A mobilização do Coletivo Sal da Terra foi fundamental para sensibilizar a população e as autoridades sobre a necessidade de preservar a Fábrica de Sal. Em 2018, a fábrica foi tombada como patrimônio histórico pelo Condephaat, garantindo sua proteção e reconhecimento como um importante marco da história industrial da região.




Um Olhar para o Futuro
A Fábrica de Sal representa um desafio e uma oportunidade para Ribeirão Pires. O desafio é encontrar uma forma de revitalizar o espaço, preservando sua história e memória, e ao mesmo tempo, torná-lo útil e atrativo para a população. A oportunidade é transformar a Fábrica de Sal em um polo cultural, turístico e educacional, que conte a história da cidade e da região, e que ofereça atividades e eventos para toda a comunidade.
A revitalização da Fábrica de Sal é um projeto que envolve a participação de toda a sociedade. É preciso unir esforços para encontrar soluções criativas e sustentáveis que beneficiem a cidade e seus moradores. A Fábrica de Sal é um patrimônio que pertence a todos nós e merece ser preservado e valorizado.
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